Vantagens de uma Análise Independente: Por que até os mais confiáveis merecem supervisão

Imagine o seguinte cenário:

Você tem um colaborador de confiança. Daqueles que chega cedo, não falta nunca, responde e-mails com “bom dia” e ainda lembra do seu aniversário. Um verdadeiro “colaborador nota mil”.

Agora pergunto: justamente por confiar tanto nele, quando foi a última vez que você revisou o que ele faz?

Se a resposta foi algo como “há uns dois anos... mas ele é ótimo!”, esse artigo é para você.

Um dos maiores mitos corporativos é o de que confiança é sinônimo de controle. Na verdade, quanto mais confiamos, menos supervisionamos. E é aí que mora o problema.

Pessoas em quem confiamos costumam operar com menos supervisão direta, menos verificação cruzada e mais liberdade operacional. É natural. Mas é justamente essa zona de conforto que pode abrir espaço para riscos sérios — inclusive fraudes.

E sim, mesmo pessoas confiáveis cometem fraudes.

A maioria dos desvios não nasce de pessoas “más”, mas sim de pessoas em situações tentadoras ou de pressão.

Segundo o modelo do Pentágono da Fraude, os fatores que costumam levar alguém a cometer um ato fraudulento são:

- Pressão

- Oportunidade

- Racionalização

- Capacidade

- Arrogância

Agora me diga: quem tem mais acesso, liberdade e pouca vigilância? Muitas vezes, aqueles em quem mais confiamos.

Uma análise feita por terceiros, sem vínculo direto com a equipe auditada, permite:

- Olhar isento, sem viés emocional ou histórico de convivência

- Questionamento genuíno de processos e decisões que “sempre foram assim”

- Cruzamento de dados que passam despercebidos na rotina

- Validação da integridade de processos e pessoas-chave

- Reforço da cultura de controle e integridade

E mais: a simples presença de um olhar externo já desestimula comportamentos de risco.

Implantar uma revisão independente não é um ataque à cultura ou ao time, mas sim uma demonstração de seriedade, comprometimento com os stakeholders e transparência.

Inclusive, empresas que promovem análises independentes com frequência tendem a:

- Reduzir perdas por fraudes e erros

- Fortalecer a governança

- Melhorar a percepção do mercado e de investidores

- Tomar decisões mais informadas e imparciais

Confie, mas verifique. A célebre frase de Ronald Reagan nunca foi tão atual. Confiar é essencial. Mas verificar é indispensável.

Se você quer proteger sua empresa, sua reputação e sua equipe, conte com uma análise feita por quem tem o olhar treinado e não tem envolvimento direto com os processos internos.

Na Logistai Consultoria, oferecemos análises independentes com foco em riscos, fraudes e governança. Atuamos com isenção, método e sigilo. Porque, no fim, prevenir é sempre mais barato — e mais inteligente — que remediar.

Mini-caso: Jordan Belfort, retratado no filme 'O Lobo de Wall Street', é um excelente exemplo de como o excesso de confiança e a ausência de supervisão externa podem permitir que fraudes milionárias floresçam sob o olhar inerte da liderança. A Stratton Oakmont operava com forte carisma e uma cultura de resultados, mas sem os devidos controles e revisões independentes. Quando a análise externa finalmente ocorreu, o rombo já era irrecuperável.

Referências Bibliográficas

1. Cressey, Donald R. (1953). Other People's Money: A Study in the Social Psychology of Embezzlement.

2. Association of Certified Fraud Examiners (ACFE). Report to the Nations – 2022 Global Study on Occupational Fraud and Abuse. Link: https://legacy.acfe.com/report-to-the-nations/2022/

3. The Fraud Pentagon: Wolfe, David T., and Dana R. Hermanson (2004). The Fraud Diamond: Considering the Four Elements of Fraud. CPA Journal.

4. Filme: 'O Lobo de Wall Street' (2013), dirigido por Martin Scorsese, baseado no livro de memórias de Jordan Belfort.

5. Reagan, Ronald. 'Trust, but verify' – Citação popular durante as negociações da Guerra Fria.